Um ano após denúncia de rombo, Americanas perdeu 93% do valor de mercado e demitiu 5 mil pessoas
Na última quinta-feira, 11, completou-se um ano do anúncio da Americanas (AMER3) a respeito do rombo histórico em suas contas, que chegou a ser avaliado em mais de R$40 bilhões e que levou a companhia a se tornar um dos maiores casos de recuperação judicial do país. Além disso, a companhia também acabou sendo alvo de uma investigação no Congresso Nacional, através de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito).
Um ano após o escândalo, a empresa acumula números negativos: a companhia derreteu na bolsa de valores, acumulando uma queda de 93% nesses 12 meses, demitiu 5 mil funcionários e fechou 126 lojas físicas.
Responsável por 13% das vendas pela internet no Brasil ao final de 2022, a Americanas chegou a cair para apenas 4,3% no pior momento do ano passado. A redução nas vendas físicas, porém, foi menor, o que deu um certo fôlego à rede.
Para não fechar as portas de vez, a varejista teve que solicitar uma recuperação judicial, que é um processo que permite às organizações renegociarem suas dívidas, evitando o encerramento das atividades, demissões ou falta de pagamento aos funcionários. Por meio desse instrumento, as empresas ficam desobrigadas de pagar aos credores por algum tempo, mas têm de apresentar um plano para acertar as contas e seguir em operação. Em linhas gerais, a recuperação judicial é uma tentativa de evitar a falência.
Plano de recuperação judicial
No dia 19 de dezembro do ano passado, depois de quase nove meses de negociações, a Americanas finalmente fechou um acordo com os credores para colocar em prática seu plano de recuperação judicial. O PSA (ou plan support agreement, sigla em inglês) da varejista contou com a adesão dos detentores de 97,19% da dívida concursal da companhia, que é de R$42,5 bilhões.
Em suma, o principal ponto do plano de reestruturação das Americanas prevê a injeção de R$12 bilhões no capital da companhia. O dinheiro vem dos seus três principais acionistas, os bilionários do 3G Capital Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, que detêm 30,12% da empresa varejista. Portanto, ainda faltariam recursos, e a diferença deve vir, ao longo dos meses, da recomposição do capital de giro nas negociações com fornecedores.
Para 2024, a empresa deve se concentrar no retorno às origens da operação física. No comércio digital, a Americanas já começou a sair da venda de produtos de forma direta e priorizar a comercialização de itens de terceiros pelo seu marketplace. Até dois anos atrás, cerca de 65% da venda digital era de itens de terceiros e o restante, próprios. Ao longo de 2024, a fatia de produtos de parceiros será maior - a empresa não abre o percentual.
Neste ano de 2024, a varejista deverá fechar mais lojas. Mais 50 a 60 unidades podem ser encerradas, disse a empresa a analistas em novembro. No total, os encerramentos representam cerca de 10% da base de pontos antes do anúncio do rombo contábil.
Luiz Carlos Motta
Presidente