Na Grande São Paulo, uma professora se via "de mãos atadas" enquanto alguns de seus estudantes desistiam das aulas remotas, alguns deles para trabalhar e ajudar suas famílias. No Rio, um jovem de 18 anos passou o ano inteiro sem acessar o aplicativo de ensino à distância da rede estadual, sem conseguir tirar dúvidas do conteúdo com os professores e sem saber se de fato aprendeu ou não. Em Manaus, uma escola descobriu, ainda no início da pandemia, que parte de suas crianças sequer tinha como se alimentar quando as aulas presenciais foram interrompidas.
As cenas acima ilustram as rupturas causadas pela pandemia nas escolas de todo o país, em um ano sem precedentes não só na saúde pública mundial, mas também na educação.
No mundo inteiro, o Unicef (braço da ONU para a infância) estima que 1,5 bilhão de crianças tenham sido afetadas pela interrupção no ensino presencial.
No Brasil, houve agravantes: as escolas ficaram fechadas há mais tempo do que grande parte do mundo, segundo levantamento de setembro da OCDE, Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, e cresce a desigualdade entre os alunos que conseguiram manter seu vínculo com a escola e os que correm, agora, o risco de ficarem ainda mais para trás ou abandonarem os estudos.
BBC News Brasil